sexta-feira, 16 de março de 2018

Manhã (tão) serena...



Ainda dizes "fanhaste" em vez de "falhaste". E "eu di..." em vez de "eu dei..." Refilas com este mundo e o outro, és um indignado com a vida (quando não corre como tu queres, claro...) e estás cada vez mais argumentativo. Chamas-me velha todos os dias. E gorda. Só para me veres fingir zangada.
Mas as nossas manhãs estão cada vez mais serenas. Acordas e vens ter comigo de mansinho, eu finjo que me pregaste um susto e que não estava à tua espera. Tu ris muito. E eu adoro o teu riso. Tomas banho com tempo para estares debaixo do chuveiro só a sentir a água quente, e a fazeres desenhos com os dedos no vidro da banheira. Embrulho-te na toalha e enxugo-te sentado no meu colo, depois de te envolver num abraço imenso e te encher de beijos no queixo. Tomamos o pequeno almoço com calma, enquanto vais falando e contando histórias. Descemos as escadas de mão dada e a conversar. Conduzo até à escola enquanto vais fazendo perguntas e dando respostas inabaláveis do alto dos teus cinco anos e meio. Estás cada vez mais falador. E eu continuo a derreter-me a ouvir-te. Só a ouvir-te. (E a ver-te crescer).

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