domingo, 31 de dezembro de 2017

Não fazer planos

Nos últimos anos (pelo menos desde que comecei a aperceber-me deste padrão, em 2010, quando perdi duas vidas), todos os anos pares encerraram em si algum acontecimento forte o suficiente para mudar a minha vida, definitivamente. Um acontecimento capaz de abalar todos os alicerces do que acreditava inalterável. Depois de um ano par mau, seguia-se um ano par bom. O nascimento de Peter Pan e a explosão do meu coração. E outro mau, de novo. A morte da mãe e a fase mais negra de que tenho memória. Depois disso, a cadência passou a ser anual, com cada ano a ficar marcado a ferros por algo inesquecível (no bom ou no mau sentido).
Deixei há muito de fazer balanços anuais, muito menos planos ou promessas para um ano novo que começa no dia a seguir, um dia parecido com o anterior (só que de ressaca). Prefiro cada vez mais viver um dia de cada vez. Já aprendi, e continuo a aprender, que não posso mudar o passado, e não posso controlar o amanhã (por muito que continue a tentar). Resta-me o hoje, sempre o hoje. Resta-me fazer o que está ao meu alcance para ser feliz, todos os dias. Porque a felicidade são momentos. Só peço para continuar a tê-los, para saber criá-los na confusão das horas que passam, e percebê-los na beleza dos pequenos pormenores que me rodeiam. Só peço saúde para ver crescer feliz o meu maior tesouro. E para continuar a sentir, sentir tudo. Amor, carinho, alegria, gratidão. Raiva e tristeza se tiver de ser. Que me ensinem alguma coisa e me façam crescer. Ficar mais forte e mais segura de mim.
Recebo 2018 com uma ponta de esperança contida. Seguindo a tradição dos anos pares, é de esperar que algo extraordinário aconteça. Tendo em conta como foram os últimos anos, devia ser algo bom (fodasse, tem obrigação de ser muito bom...). Mas não quero perder tempo a pensar nisso. Prefiro esperar sem grandes expetativas pelo amanhã. Sabendo que faço, todos os dias, o que posso para tornar o meu ano inesquecível. Ou pelo menos, feliz.



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