segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Escrever a alma

No último ano passou-me pela cabeça uma ou duas vezes pôr aqui um FIM e ir embora. Não porque o propósito tivesse mudado, pelo contrário, tenho cada vez mais motivos para registar a beleza dos pequenos nadas, aqueles momentos que podiam passar despercebidos não fossem eles o melhor dos meus dias, o que me faz genuinamente feliz e realizada e grata pela sorte imensa que tenho, por tudo o que Deus põe no meu caminho, o meu Deus, aquele a quem rezo quando me deito, e peço protecção e saúde para a minha família; o meu Deus, aquele que não tem rosto nem aura nem casa oficial nem religião, mas a quem digo baixinho todas as noites "obrigado, obrigado por tudo".
No último ano não escrevi nem metade do que era costume, e a razão é só uma. Voltei a apaixonar-me. Voltei a sentir borboletas na barriga, a ter olhos só para um novo amor. Perdi a inspiração porque o que sentia me bastava para encher o mundo de algodão, esqueci a capacidade de conjugar duas frases seguidas porque toda a atenção e carinho eram dedicados a este novo ser que entrou nas nossas vidas e nos nossos corações, encheu o nosso ar de luz e melodia e mudou para sempre a nosso essência, tornando-nos em algo um bocadinho melhor do que éramos antes (mais pacientes, pelo menos...).
Mas aos poucos esta paixão avassaladora vai dando lugar a um amor sereno e seguro, vai abrindo novos horizontes e permitindo retomar velhos hábitos e criar novas rotinas. Volto a cuidar do meu amor antigo, a procurar o abraço de sempre; volto a ser mulher e amiga, volto a conseguir acabar de ler um livro em poucos dias e ver um filme até ao fim sem adormecer. E volto a  ter vontade de escrever.
A verdade é que ando nisto há 6 anos, e o nome impronunciável que entretanto mudei porque já não me dizia nada, sempre serviu para despejar todos os sentimentos inflamados, todas as conversas surreais e pensamentos insólitos (ou só parvos) que não daríam um filme ou um programa de rádio, porque são tão maiores que qualquer ficção; são a verdade, a minha (nossa) realidade gravada em letras e imagens e sons que me embalam e identificam e relembram porque razão eu continuo aqui: para agradecer todos os dias a benção de viver esta vida que adoro.

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