sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Destralhar

Para quem não acredita em resoluções de ano novo, esta semana até está a ser fértil em ideias de pequenas mudanças rumo a um objectivo maior: simplificar a casa, a mente, a vida diária. Comecei pelos livros, mas ainda não estou satisfeita, já vi pelo menos mais dez ou quinze que só estão a ganhar pó porque nunca mais vão ser lidos e não fazem falta nenhuma. Só que ao contrário dos outros noventa que foram oferecidos a um lar, estes vão tornar-se rentáveis porque descobri uma livraria aqui bem perto que compra livros em segunda mão.
Ontem decidi arrumar a máquina de café no fundo do armário, porque há mais de um mês que não é usada, durante o dia se bebemos café é na rua, à noite o cafézinho a seguir ao jantar foi substituído por chá, e até o L. admite que se sente mais relaxado depois desta mudança. Também deitei fora um móvel pequeno que estava no hall de entrada, daqueles que têm só uma gaveta e que (só) são úteis para atirar as chaves e telemóveis quando entramos em casa, e este nem para isso servia, sinceramente.
Hoje vou-me livrar de outro que só está a ocupar espaço na varanda fechada ("marquise" é uma palavra tão feia...). E estou a pensar fazer o mesmo a um dos dois "depositários" de roupa que temos no quarto e são exclusivos do L. - ele vai ter de escolher, ou fica com o cadeirão preto ou com o cabide de pé, para ele encher de camisas e calças ao final do dia. E nós ganhamos mais espaço físico e visual.
Também vou arrumar a mala de viagem que guardava atrás da porta do quarto, sempre pronta para ser agarrada e levada para novos destinos, como uma esperança constante de aventuras inesperadas, que agora não podem ser assim tão inesperadas porque qualquer saída mais prolongada implica um mínimo de planeamento logístico desprovido de uma pontinha de espontaneidade que seja.
São pequenos nadas que mal se notam (o L. só percebeu que o móvel de entrada tinha desaparecido porque eu lhe contei...) mas que permitem respirar mais profundamente um ambiente desprovido de objectos, mas cada vez mais cheio de afectos.

(Se não posso mudar de casa, posso sempre mudar a casa...)

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