domingo, 5 de maio de 2013

O meu primeiro

Como disse a minha Joana na sexta feira. O meu primeiro dia da Mãe.
E também foi ela que me disse quando o Peter Pan nasceu "nunca mais vais estar sozinha". E essa é a maior verdade sobre esta coisa de ser mãe. Pelo menos para mim. Nunca mais estive sozinha. Nunca mais me senti sozinha. Mesmo quando ele não está ao pé de mim, a sua presença é uma constante, todas as horas de todos os dias. Saber que ele existe enche-me o coração e dou por mim muitas vezes de sorriso parvo na cara, sem razão aparente. Só porque o meu pensamento fugiu para aquelas bochechas, aquelas mãos rechonchudas, aquele sorriso que faz esquecer tudo, mas mesmo tudo o resto. Tenho sempre companhia, tenho sempre alguém com quem falar, pelo menos por enquanto, que ele ainda não anda e por isso não pode virar costas e fugir, e não fala e por isso não pode dizer que estou a ser uma chata. Converso imenso com ele, o que vou fazer para o jantar, o que me está a preocupar no momento, o episódio engraçado que aconteceu no escritório. Conto-lhe tudo, chamo-lhe tonto, faço-lhe cócegas. Depois abraço-o e afogo-o em beijos. Pelo menos por enquanto, que ele ainda não chegou à fase em que não quer contacto físico (com os pais, claro...) Nem quero pensar nisso, custou-me tanto deixar de dar de mamar. Senti que tinha perdido algo que era só nosso, a nossa pele, o nosso momento a sós, a nossa comunhão. Talvez por isso ainda não esteja preparada para deixá-lo adormecer sozinho na cama dele, e faça questão de o embalar ao colo todas as noites. O L. diz que ele já não precisa, e eu até sei que tem razão, mas custa-me tanto sentir que estou a perder os mimos do meu pequenino.
Isto não quer dizer que me anulei enquanto mulher ou "esposa" ou profissional. Defendo aquela regra de segurança dos aviões: primeiro colocar a nossa máscara de oxigénio, e só depois colocar a da criança. Porque se não estiver no meu melhor, não posso dar o melhor ao meu filho. Continuo a ter os meus hobbies (excepto os filmes, é raro conseguiu ver um até ao fim sem adormecer, mas lá chegaremos) estou a fazer uma manta nova, continuo a cuidar de mim, a pintar as unhas e a esticar o cabelo, e a maquilhar-me todos os dias. Quero que o Peter Pan tenha uma mãe bonita. Quero que o meu filho saiba que tem uma mãe feliz.
Peter Pan é um bebé muito mimado. Não no sentido de lhe fazermos as vontadinhas todas. Mas no sentido de mimo mesmo. Derrete-se todo com beijos no pescoço. Procura sempre o contacto da nossa pele. Adora colo. Recebe centenas de beijos e abraços por dia. E ouve constantemente o quanto é adorado e acarinhado. Digo-lhe vezes sem conta que estou aqui, que estarei sempre aqui para ele. Quero que tenha essa segurança. Que saiba é amado incondicionalmente. Acho que é um bebé feliz. E a forma como me agarra a cara com as mãozinhas papudas e me enche de baba com beijos lambuzados faz-me acreditar que ele também me ama.


(E hoje vou usar com todo o orgulho piroso e lamechas de mãe, o primeiro presente do meu filho, feito pela ama).

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