domingo, 4 de abril de 2010

O melhor do fim de semana (IX)

... foi tudo.
As confidências de mulheres com a S. na 5ª feira, depois de encher a E. de beijos e prendas. Não sei de onde veio a ideia de que o nosso (do género feminino) tema de conversa quando nos juntamos é o tamanho do material deles ou quantas aguentam antes de se virarem para o lado e adormecerem. Nós falámos do passado e do futuro, dos medos de quem perdeu um irmão e das frustrações de quem não consegue ter um filho. E da princesa que nos uniu ainda mais, claro, e de como o mundo é pequeno, de como a S. conhecia o meu irmão dos tempos de loucura de adolescência, sem imaginar que eu sería a madrinha da filha dela (e nessa altura aposto que se lhe falassem em filhos ela tinha um ataque de riso ou de pânico).


A festa de aniversário da E. na 6ª feira, e a inauguração da casa nova, que precisa de obras mas onde eles já podem dizer de peito aberto "aqui vou ser feliz", é uma casa para a vida, com espaço para criar uma família, com jardim para os pequenos brincarem e horta para os avós se entreterem a cultivar batatas e cenouras.


O almoço com a minha família em casa da mãe no sábado, e cupcakes para a sobremesa. A surpresa quando toda a gente disse"os teus são muito melhores, estes têm pouco sabor". Comecei logo a imaginar nomes para o quiosque de gulodice que não vou criar porque tenho mais garganta do que coragem (mas que era tão melhor que as coisas azedas, para variar...).



O regresso da nossa Paula, que entra em casa como um furacão, larga malas, casaco, cachecol, tudo no chão do hall para vir a correr abraçar-nos.
A festa de aniversário do C., nada preocupado com os 30 anos "é só mais um" (ainda não assusta, ainda não dá que pensar o que já devia ter sido concretizado, o que falta fazer e viver), e três horas de conversa sobre vivências tão diferentes da minha que ouvi com atenção as histórias de trabalho que influenciam efectivamente a vida de outras pessoas, que podem mudar o rumo de uma vida para melhor (e as queixas rebuscadas da Paula para não estudar).
O almoço de Páscoa de domingo, com a família dele, tão maior que a minha e mais animada (é natural, têm motivos para celebrar, uma bebé que é a alegria de uma mesa de 20 pessoas, outro bebé que que vem a caminho), arroz de lampreia, javali, borrego, batatas assadas no forno, salada de alfaces da horta do meu sogro, doces e bolos até enjoar.


Os campos cobertos com um tapete de minúsculas flores silvestres, brancas, vermelhas e de todos os tons de amarelo que a Natureza conseguiu inventar, no caminho para a terra da avó, debaixo de um sol quente e uma luminosidade perfeita que nos faz acreditar que agora sim, a Primavera chegou.


(É claro que não foi tudo maravilhoso, a avó da S. faleceu, o tubo de escape do jipe partiu, lembrei-me de estar a chorar à porta da morgue, a mão que segurava o cigarro a tremer, o N. a querer abraçar-me e eu não deixar, se ele fizesse isso eu quebrava; houve amuo e silêncio desconfortável. Mas não deixei que nada disso estragasse um fim de semana cheio: de família, de amigos, de mimos e guloseimas).

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