segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pormenores (VI)...

... do Algarve que me conquistou...

domingo, 30 de agosto de 2009

Luz (II)

O comboio atravessa a ponte ao entardecer, e por um breve minuto fico hipnotizada com a magia da luz que se dilui no Tejo, com a beleza daquele cenário que encanta poetas, pintores e sonhadores. Esta é a Lisboa das histórias, a Lisboa inundada de ouro velho e cobre, um quadro que fica gravado na memória.

"Encontramos felicidade assim com tanta frequência que podemos expulsá-la da boleia quando acontece que está lá sentada?"
In: Um quarto com vista

(Não, não encontramos).

Arrefecer

Tenho de mudar de comboio em Casa Branca. 50 minutos de seca. O livro que a P. me emprestou já vai a meio.


Saio da estação para uma praça deserta, sem sombras nem sons. Um velhote sentado num banco à porta do café, uma galinha a debicar o chão e uma gata a amamentar os filhotes.
O Alentejo da minha imaginação.


Desvio as tiras de plástico da porta e entro no café que não é café, é uma taberna com duas mesas, um balcão de mármore escurecido pelos anos e o cheiro a pipas de vinho.
Saio com uma garrafa de água fresca para aguentar o calor seco.

Delirar

Quem é que se aventura a fazer a viagem Algarve - Beja às 3 da tarde? Quem tem ar condicionado no carro ou quem não tem juízo. (Nós não temos ar condicionado no carro).
Quando o termómetro do carro vacila entre os 38º e os 39º, lembro-me da minha professora de espanhol a explicar-nos o que é um saigão e o calor que faz na Andaluzia.
A ideia da siesta faz todo o sentido.

Olhar

"Uma pensão realmente confortável em Constantinopla!" (...) mas no seu íntimo querem uma pensão com janelas mágicas que dêem para a espuma de mares perigosos em países encantados e perdidos!"

In: Um quarto com vista

Ser feliz...

É acordar com uma sinfonia de gaivotas sobre o fundo das ondas....

... é tomar o pequeno-almoço numa esplanada em frente ao mar, e passar o resto do dia a fazer o que sei melhor: entre as folhas de um livro e o calor do sol, os banhos de mar com a I. que não tem medo nenhum das ondas (o díficil é convencê-la a sair da água) e os mimos da S. que tanto faz birras descomunais quando lhe tiram as coisas das mãos, como nos lança o sorriso mais lindo do mundo e nos deixa de coração derretido...


... é recusar o convite para um jantar de família, e acabar num restaurante indiano com samosas, pão naam, caril de peixe e Mateus Rosé...


... é ter a companhia da Paula nos silêncios que não incomodam, e nas confidências que as caipirinhas soltam, numa esplanada vazia de madrugada fresca, depois de fugirmos de um baile de aldeia no Algarve que os turistas não conhecem (com GNR à entrada porque "quando este pessoal se chateia se a mulher de um está a dançar com o outro, vão a casa buscar as espingardas").

sábado, 29 de agosto de 2009

Momentos (LXXVII)

Paragem para um hamburguer (já parece sina, sempre que nos encontramos vai de aviar junkfood) e nova paragem no quarto que ela me alugou (agradável surpresa, o espaço, o preço e a localização, a 3 minutos da praia... a pé - um contacto para guardar na gaveta das preciosidades), antes de ouvir qualquer coisa como "vamos só ali a uma beach party" (bonito, não há sossego nesta terra...).
Bom ambiente e boa música (Miguel Simões sem descanso), não fosse ter acabado o tabaco e não tínhamos saído de lá tão cedo.

Mas tudo acontece por uma razão, e acabámos a noite num barzinho de sofás vermelhos e janelas abertas para a ruela, a beber (mais) uma caipirinha e a soltar conversa fora (ou seja, o costume...).

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Distrair (II)

Levei um livro novo, pensei que aguentava todo o fim de semana, mas pelo sim pelo não comprei também uma revista. Antes de chegar já tinha a revista vista e revista, e o livro a mais de meio.

A P. foi-me buscar à estação de Tunes, porque "aquilo é complicado e podes perder-te e perder o comboio".
Perder-me?! Perder o comboio?! Mas ele está mesmo à minha frente, nem tenho de mudar de linha! (o que esta gente pensa de mim!!).

Ouvir e sentir (LXVIII)

Tenho pela frente 5 horas e meia de comboio.
Tenho à minha espera as P. e as princesas, e o N. com a cabeça furada.
E o mar.

Justin Timberlake & TI
Medley "Let Me Talk To You & My Love"

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Rir (II)

- Queres rir um bocado? Aliás, queres rir muito?
- Olha lá que eu estou a almoçar...
- O N. (que foi de férias anteontem) foi à pesca e acabou no hospital, porque conseguiu espetar um anzol na cabeça!
(Como é que é possível?!?!)

Isto chama-se rir da desgraça dos outros.
Não é bonito, mas é irresistível.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

¡Por supuesto!

Hoje tive a primeira aula de espanhol. Depois de um dia de trabalho, a perspectiva de passar mais 3 horas a enrolar a língua e a esforçar os neurónios não era das mais animadoras, mas acabou por ser divertido, e a formadora (sevilhana) é simpática, eficiente e exigente (faz-nos repetir as palavras até a fonética estar correcta).

Lembrar

Não me lembro em que dia foi, sei que foi no final de Agosto, uma conversa normal, como se estivéssemos a falar do tempo ou dos planos para o fim-de-semana. As decisões mais importantes da nossa vida têm sido tomadas assim, num banco de madeira de um café ou à mesa de uma esplanada, uma sucessão de acontecimentos que levam a um final natural, porque assim o queremos, porque está na altura, "mas vamos fazer isto como deve de ser, vou tomar esta caixa até ao fim. Não, não se deve parar de repente. E vou ao médico ver se está tudo bem comigo, fazer análises e começar a tomar ácido fólico" (e passei anos a tomar a merda do ácido fólico).
Entretanto ele teve um momento de indecisão "preciso de pensar melhor, é uma mudança muito grande, não sei se estou preparado" e eu esperei, dei-lhe o tempo que ele precisou (como sempre, será sempre assim?), até o ouvir dizer naquela forma despreocupada que é só dele.
Porque queria que esta decisão, tal como todas as outras, fosse tomada com a convicção de ser a certa, e sentida com um princípio de amor maior no coração.
Não me lembro em que dia foi, mas já foi há 4 anos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Private (VIII)

Pelo menos deixou-me aproveitar o fim-de-semana.
Pelo menos desta vez não me massacrou com insónias, nem dores que obrigam a encolher-me muito quieta, nem a irritação ou a neura sem justificação que descarrego em quem mais amo.
A tristeza está lá, mas desta vez não é hormonal.
E a revolta cresce mais um pouco.

domingo, 23 de agosto de 2009

Para terminar

Acordámos cedo para aproveitar a piscina, antes de seguir para casa do meu sogro para uma sardinhada debaixo do alpendre.

Depois do melão, da mousse de chocolate e do leite-creme (amanhã o almoço vai ser iogurtes, para compensar), a S. pede-me para levar a princesa E. e ir ao computador falar com o Z., que está em França durante um mês. Ouço-os falar baixinho e acho estranho, e atiro de rajada
- O que é que me está a escapar? Desembucha lá!
- Queremos que sejas a madrinha da E.
Eu devo ter ficado com os olhos esbugalhados, era a última coisa que me passaría pela cabeça, e ainda perguntei "a sério, querem mesmo?" A S. ria da minha cara, enquanto a minha futura afilhada tentava enfiar na boca os auscultadores que a mãe segurava.

Para o fim-de-semana ser perfeito, só faltava dormir uma sesta, duas horas no sofá no silêncio da casa fresca.
(O fim-de-semana foi perfeito).

sábado, 22 de agosto de 2009

Continuando

Trocamos o Algarve da Paula pelo sossego do pinhal (gosto do pormenor da parede de vidro que separa o quarto da banheira).
O programa SPA fica prometido para outra altura,

em que o sol e o mar não chamem por nós

(e as dunas de areia não chamem pelo jipe).

Almoçamos a ouvir a rebentação das ondas,

passamos o resto do dia a passear nos passadiços

e a dormitar na areia, ao sol de fim de tarde.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Para começar




Eu não disse?

Ouvir e sentir (LXVII)

A música não é nada de especial, nem sequer consigo explicar o que gosto nela, talvez a mistura de francês e italiano, talvez as vozes, talvez o significado.

Laura Pausini & Hélène Segara
"On n'oublie jamais rien (on vit avec)"

Momento (LXXVI)

Um almoço que acaba com 4 sobremesas (arroz doce, pudim de ovos, gelado de baunilha com chocolate quente e pão de ló com chantilly) é uma promessa de um fim-de-semana delicioso.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Óbvio

Deixo-me cair no sofá, cheia de sono e de calor. O braço dele envolve os meus ombros e puxa-me para o seu peito nú.
- Ai! Estás tão quente! Porque é que não és fresquinho?
- Porque estou vivo!
- Hummm, se é por isso, pode ser.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sentir falta

Acabei de reparar que hoje não pus o anel no dedo, o mesmo anel de ouro que uso há cerca de 10 anos. Não é uma aliança nem nada disso, é só um anel de ouro fino com uma pedrinha que ele escolheu com a ajuda da Flor e me ofereceu, e que me acompanha quase sempre, ponho-o no dedo antes de sair de casa, tiro-o assim que chego (juntamente com o relógio, pulseiras, brincos e colar, sai tudo fora), só fica guardado se eu fôr para o rio ou mato ou qualquer lugar onde tenho pavor de o perder irremediavelmente.
E agora olho para a mão de 10 em 10 segundos, e passo o polegar na dobra do dedo e sinto que falta aqui qualquer coisa, que hoje não estou completa.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Paixão*

Gipsy Kings
"Passion"



* ou Do que ele se foi lembrar esta noite

domingo, 16 de agosto de 2009

Ouvir e sentir (LXVI)

- Lembraste de ouvir esta música quando éramos novos?
- Éramos?! Fala por ti! (Claro que me lembro...)

Celso Fonseca e Ana Carolina
"Um dia de domingo"


Momentos (LXXV)

Pêssegos e tomates e pimentos e couves, a generosidade da terra e a força e determinação da avó que continua a cavar a horta , apesar dos seus 89 anos.

Abóbora e uvas Moscatel e dedos lambuzados de melancia no lanche em casa do meu sogro, a falar baixinho para não acordar a E., que já aprendeu a fazer birra com direito a soluços e tudo.

O jantar de despedida de férias da Paula, antes de ela voltar para a guerra, almondegas com champanhe (acabou-se o vinho branco), a indecisão entre Desporto e Enfermagem, os planos para o futuro e a certeza que tudo vai correr bem para ela.
E um beijo na testa quando nos cruzamos no hall, simples, irreflectido mas sentido, carinhoso mas tão natural como respirar.

sábado, 15 de agosto de 2009

Voltar (II)

Não tenho escrito porque não me apetece, porque não tenho tido nada que mereça a pena ser recordado mais tarde, é para isso que isto serve, para me recordar dos bons momentos da minha vida. E assim vão passando os dias, ou então sou eu que não tenho sabido distinguir os pormenores que marcam um dia normal, que o tornam especial, como o último episódio (para já) da Anatomia de Grey ou ver a água a escoar normalmente pelo lava-loiça que passou a semana toda entupido; uma tarde de compras para ele, escolher calças (sem rasgões) e t-shirts (decentes) que ele possa vestir no trabalho (e eu devia ter trazido aquele vestido azul estampado, que raiva!), ou vê-lo percorrer o Colombo descalço e de ténis na mão; um bolo de iogurte e licor de chocolate que ficou com o aspecto perfeito e sabor delicioso, mas anão (porque me esqueci do fermento); um jantar no japonês que tem à entrada um canteiro cheio de hortências de vários tons, lindas e grandes e vibrantes, ou a brisa fresca da noite a revolver-me os cabelos pela janela aberta do carro.
Sim, os momentos estão lá, eu às vezes é que não os vejo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ouvir e sentir (LXV)

Porque já é fim de semana.
Porque tenho de dar a volta por cima.
Porque sim.

The Rescues
"Break me out"

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Abstrair

Refugio-me nos dramas e desventuras do ecrã, uma forma de abstracção tão boa como outra qualquer, faltam 3 episódios para acabar a season, depois retomo o Sexo e a Cidade, ou filmes, muitos filmes, ou qualquer outra coisa que ocupe o tempo e o pensamento, que não envolva palavras, principalmente escritas, as que ficam retidas em posts não publicados, porque a almofada já não é tão grande como parecia, ou simplesmente porque as censuro, porque já tenho um rosto, é uma forma de protecção; ou as palavras ditas, já as disse todas, não posso andar sempre a repeti-las, senão qualquer dia não têm sentido, não têm significado, e eu não quero que percam o sentido, não ainda.

All Thieves
"Turn and Turn Again"

domingo, 9 de agosto de 2009

Merecer

O resto não mereço. O resto anda-me a corroer devagarinho, as minhas defesas, as minhas convicções, a minha alegria.
O resto queria apagar como se não tivesse já feito mossa, como se não tivesse a importância suficiente para me abalar, para me fazer questionar o que ando a fazer mal, o que posso melhorar, ou se será de propósito, se será mesmo esse o objectivo (se fôr, parabéns).

O melhor do fim de semana (IV)

Caipirinhas e conversas leves, os sorrisos de sempre, o toque macio dos lençóis nos dedos, o rio e o calor do sol (sempre), os salpicos de água na pele (ok, foram mais do que salpicos), as tripas e friginada numa garagem refundida, e secção contínua de Anatomia de Grey, episódios atrás de episódios entre sorrisos e quase lágrimas.
E a frase do fim de semana foi "Dá-me o teu número de telemóvel" (não dei, senão tinha de o matar a seguir).

sábado, 8 de agosto de 2009

Private (VII)

Há silêncios que magoam mais que todas as palavras.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ouvir e sentir (LXIV)

Snow Patrol
"The Planets Bend Between Us"

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Surpreendente

Boss AC e Mariza
"Alguém Me Ouviu (Mantém-te Firme)"




Porque a música também pode servir uma causa.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Domingo

"O mundo era um longo domingo inabarcável, um domingo em que a frondosa vegetação do amor instaurava a sua fecundidade sobre o peito de Campiro. E espalhava as suas labaredas brancas e amontoava as suas volutas de paixão e ampliava os recantos do mundo até transformá-los em claros espaços de felicidade. Domingos de tempo longo, de tempo esticável na refrega dos corpos (...) Mas também domingos de tempo curto, de tempo feito de pontuais carícias e longos beijos (...)".

In: A ilha de Campiro

domingo, 2 de agosto de 2009

Inesperado (IV)

A meio do dia um "vamos passar por aí ao final da tarde, pode ser?". A minha resposta foi instintiva "faço jantar, pode ser?". Isto sería a coisa mais natural do mundo, não fosse o pequeno pormenor de eu nunca os ter visto, nem eles a mim. O maravilhoso mundo da blogosfera no seu melhor. Começou como é costume, uns comentários cá e , uns mails trocados, uns "temos de combinar um café ou um lanche". Mas naquele momento tive a certeza que não eram necessários esses preliminares precavidos, e fiz algo inédito: convidar para minha casa conhecidos sem rosto, mas com quem já tinha criado uma empatia. Pior ainda, convidá-los para comer uma refeição feita por mim!
Assim que saíram do carro soube que tinha feito bem, até hoje nunca me enganei, a forma como se escreve pode não dizer tudo, mas diz muito sobre quem está do outro lado dos caracteres, e do outro lado eu sabia que estava um casal descontraído e alegre, de conversa fluida e riso fácil.
Acho que eles estavam mais nervosos do que nós, e o G. a tentar perceber como é que a mãe tinha uma amiga mas não sabia como ela era, e a S. dos olhos doces e bochechas rosadas (só me deu vontade de a encher de beijos, mas tive medo que ela se assustasse e me achasse maluca) muito envergonhada. Fiquei a saber que, para eles, eu sou a rapariga que tem umas músicas giras no blog, que a mãe põe a tocar para ouvirem.
No final da noite, só tive pena de não ter tirado uma foto desta família feliz, para mais tarde recordar como um domingo sem nada planeado se pode tornar num dia tão especial.

Impulso (II)

Ele levanta-se às 7 e meia para ir brincar às guerras.
- Precisas do jipe?
- Não.
- Então vou para a praia!
- Que o mar te liberte as más energias!!

Conduzi durante uma hora, fui sozinha pela primeira vez, venci mais um pequeno desafio a mim mesma. Assim que cheguei, telefonei (e acordei) a P. , e estendi-me ao sol num recanto junto às rochas, num areal quase vazio e silencioso, olhos fechados e ouvidos atentos à rebentação das ondas, o som mais apaziguador que existe, o som do mar.

sábado, 1 de agosto de 2009

Pormenores (V)...

... da terra da avó...