terça-feira, 25 de novembro de 2008

E eu?

Desiludida, desapoiada, triste, desamparada, sozinha, invisível. É como me sinto: invisível.
Ligo à minha mãe e no final ouço-a dizer, como sempre "se precisares de alguma coisa diz, filha". O que é que eu vou dizer? "Olha, mete-te num comboio e vem cá, preciso de um abraço, preciso que alguém me dê carinho e me afague os cabelos".
Ele olha para mim mas não me vê, não sabe como me sinto, é capaz de notar que alguma coisa não está bem, mas não pergunta o que é , é mais confortável não saber, menos uma chatice na vida tão complicada que ele tem, estudar e trabalhar.
E eu vou-me diluindo neste desalento, nesta sensação de viver só para manter o bem-estar de uma casa, para evitar preocupações aos meus pais, para que ele não tenha de se chatear com nada a não ser levantar-se e ir trabalhar e ir estudar (basicamente, as duas únicas coisas que faz na vida agora). Vou-me tornando transparente nesta necessidade de alguém que olhe para mim e me veja em todas as minhas fraquezas, alguém que me dê atenção. Tomo conta de tudo, levo o carro à oficina, vou às compras e carrego os sacos sozinha, sempre sozinha. E eu? Quem é que toma conta de mim?

"Eu sou a princesa adormecida da história, uma princesa de neve, abandonada num país frio e que já se esqueceu do que é sentir o sol."

Catarina de Aragão, in: A Princesa Determinada

3 comentários:

  1. A isto respondo por email. Que os afectos verdadeiros vivem para além dos blogs.

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  2. É só para dizer que podes incomodar sempre que quiseres...

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  3. Anda aqui uma gaja a esforçar-se para passar despercebida, e o blogger é um chibo do caraças.

    Joanissima, o teu mail deixou-me em lágrimas. Obrigada pelo teu carinho. Muito obrigada.

    mcg, eu vou aprender a incomodar, prometo. É tão bom ouvir a tua voz. Mil vezes obrigada pelas tuas festinhas.

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