domingo, 30 de novembro de 2008

Interiorizar

(às vezes, a muito custo)

"Só porque alguém não te ama da forma como gostarías,
não quer dizer que não te ame com tudo o que tem"

sábado, 29 de novembro de 2008

Recaída

Mais um jantar de aniversário. Era suposto ser melhor que o da semana passada, por ser de uma amiga mais querida. Assim que entrámos no restaurante somos separados: mulheres para um lado, homens para o outro. Até aí tudo bem. À minha frente ficou uma amiga da C. que eu já conhecia de festas anteriores. Está grávida. 21 semanas. Já sabe que vai ser uma menina.
Passei o jantar todo a tentar abstrair-me das conversas sobre sintomas matinais e alimentos que o médico proibiu. A tentar ignorar o carinho e atenção que o marido lhe dispensava, sempre perto dela apesar da fronteira estabelecida.
Saímos cedo, ele porque tem um trabalho para acabar, eu porque já não suportava estar ali, apesar da sangria (só para a nossa mesa vieram pelo menos 16 jarros) e de ver a S. e a P. a dar espectáculo.

Terapia de choque

Levantar às 9 da manhã, verificar se não está a chover (o facto de estarem 4º não interessa nada) e ir às compras. Duas malucas que trocaram umas horas de cama quente por uma manhã inteira passada entre trapos e sapatos e tangas de gosto duvidoso e atoalhados a peso (a P. nem sabia que isso existia!).
- Nós devemos ser parvas, só pode, não sinto os dedos dos pés!!
- Eu não me posso juntar contigo, sozinha já é o que é, contigo então, é a desgraça!!
Duas camisolas, um par de botas e dois pares de pantufas felpudas (só da minha parte) e uma carga de água monumental depois, a ideia "perdidas por cem, perdidas por mil: "vamos buscá-lo e vamos almoçar ao oriental" (afinal, já estão 6º, não é mau!).
Cerveja japonesa (made in República Checa), muito sushi e mini-crepes chineses, tudo comido a pauzinhos (ou à mão, que ninguém nos mandou recusar os "para principiantes"), com caras escarlates depois de experimentar wasabi, com bocados de ananás a voarem do prato quando lhes tentavam espetar os ditos pauzinhos e com muito riso à mistura.
E para acabar em beleza, a frase do dia: "Sabes o que é preocupante? É que ainda não vi nenhum gajo de jeito. Isto é um degredo!"

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ouvir e sentir (XXXVI)

Para não falar. Para não repetir as palavras tantas vezes ditas.
Para não sentir.

Madonna
"Frozen"

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E eu?

Desiludida, desapoiada, triste, desamparada, sozinha, invisível. É como me sinto: invisível.
Ligo à minha mãe e no final ouço-a dizer, como sempre "se precisares de alguma coisa diz, filha". O que é que eu vou dizer? "Olha, mete-te num comboio e vem cá, preciso de um abraço, preciso que alguém me dê carinho e me afague os cabelos".
Ele olha para mim mas não me vê, não sabe como me sinto, é capaz de notar que alguma coisa não está bem, mas não pergunta o que é , é mais confortável não saber, menos uma chatice na vida tão complicada que ele tem, estudar e trabalhar.
E eu vou-me diluindo neste desalento, nesta sensação de viver só para manter o bem-estar de uma casa, para evitar preocupações aos meus pais, para que ele não tenha de se chatear com nada a não ser levantar-se e ir trabalhar e ir estudar (basicamente, as duas únicas coisas que faz na vida agora). Vou-me tornando transparente nesta necessidade de alguém que olhe para mim e me veja em todas as minhas fraquezas, alguém que me dê atenção. Tomo conta de tudo, levo o carro à oficina, vou às compras e carrego os sacos sozinha, sempre sozinha. E eu? Quem é que toma conta de mim?

"Eu sou a princesa adormecida da história, uma princesa de neve, abandonada num país frio e que já se esqueceu do que é sentir o sol."

Catarina de Aragão, in: A Princesa Determinada

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ouvir e sentir (XXXV)

Natasha Bedingfield
"Soulmate"

domingo, 23 de novembro de 2008

Aconchego...

... para acalmar as dores:


e um copo de vinho e boa companhia.

Soltar a franga...

... e o galo, e os pintos...

É o que acontece quando os pais deixam os putos com os avós e um jantar de aniversário é regado a sangria e EA.
Ninguém se escandalizou quando foi sugerido irmos a um bar de strip, conversa metida com dois tipos da mesa ao lado para pedir informações, conversa com o porteiro para acertar o preço dos cartões e indicações dadas antes de passarmos pelo detector de metais "As senhoras sabem onde vão entrar? Pois bem, é muito improvável que aconteça, mas se algum cavalheiro se meter convosco, não reajam, não respondam e chamem-me."
O sítio era um bocado chunga, como tantos que aparecem em filmes, mas elas dançavam bem, mesmo bem. Sempre achei o strip feminino muito mais bonito e sensual que o masculino, e gostei de ver ao vivo, com a Irmandade da Mala ao meu lado, e de facto, em pouco mais de uma hora que lá estivémos, ninguém se meteu connosco, excepto uma rapariga que permaneceu junto dos nossos sofás durante 10 minutos, a fixar-nos com os olhos, à espera de ser chamada (estava a fazer o trabalho dela). Como foi ignorada, não disse nada e saiu airosamente.
A noite acabou na Kyay, onde dancei até conseguir, antes de cair no sofá ao lado dele, e passar o resto do tempo a tecer comentários sobre quem passava, como estavam vestidos, o que procuravam ali, como dançavam. Fiquei surpreendida por saber que o R. dança tão bem, e feliz por ver como eles estavam descontraídos, prova de que uma noite diferente faz tão bem a um casal. Como sempre, tive pena de não o ver dançar e divertir-se mais, mas o cansaço de uma frequência de Álgebra às 9 e meia da manhã não deixava.
A fumar o último cigarro do dia, enquanto via as estrelas desaparecerem e o céu ganhar tons de azul cobalto, dei-me conta que, durante umas horas, esqueci tudo, não senti a mágoa e o desapontamento.
E no fim, o melhor de uma noite diferente é adormecer no abraço de sempre.

!!!

Isto não são horas de uma mãe de família chegar a casa!
(but then again, eu não sou uma mãe de família)

sábado, 22 de novembro de 2008

Não desistir

Private (IV)

40 dias. Já evitava pegar em pesos. Já subia as escadas mais devagar, em vez de correr como habitualmente. Já evitava acompanhar nos copos, "hoje não estou com espírito". Já acreditava que se calhar, talvez, podia ser que.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Momento (XXX)

Vem deitar-se ao meu lado no sofá por breves instantes, numa urgência de não parar:
- Tenho de ir estudar.
- Não, fica aqui. Eu dou-te um bocado da almofada fofa.
E empurro-a para ele, na esperança de o embalar, e faço-lhe festas no cabelo, na esperança de que feche os olhos e se abandone ao calor do meu pijama.

Snow Patrol
"Chasing Cars"

Só para "meter nojo"

Segunda-feira é feriado municipal.
Ou seja: 3 fins de semana grandes... seguidos.

Um dia...

... vou dizer-lhe como tem sido uma surpresa feliz conhecê-la, aos poucos, nas palavras que esconde entre os risos
... vou mostrar-lhe o orgulho que tenho nela, na força que a move e não a deixa desistir (eu atraio mulheres lutadoras, de facto)
... vou ver aqueles olhos escuros e atentos a sorrirem para mim
... vou abraçá-la com calor e passar-lhe a mão pelo cabelo, com carinho.

Até lá, os meus parabéns e votos sinceros de felicidade foram dados por telefone, com o mesmo calor e carinho, porque a empatia não se explica.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ouvir e sentir (XXXIV)

Celine Dion e Les 500 Choristes
"Pour que tu m'aimes encore"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Lei da atracção

Gritos atraem gritos.
Ontem gritei com o meu pai, hoje gritaram comigo no trabalho. Fiquei furiosa comigo mesma por não ter reagido, com o telefone a meio metro de distância do ouvido. Cometi um erro, substimei a importância de um cliente e quase perdemos o contrato, mas isso não justifica o exagero da reacção.
Mais tarde, de cabeça fria, analisei que se calhar foi melhor assim. Agora tenho a oportunidade de dizer, com toda a calma "Não volte a gritar comigo", interrompendo um ciclo que rapidamente se podia tornar vicioso.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Não me arrependo

Há duas formas de lidar com a situação: com paninhos quentes, desculpando, protegendo. Ou aos gritos.
E hoje, depois de esgotar todos os panos, gritei. Gritei tudo o que tinha atravessado na garganta e no coração, gritei palavras tão duras que até a mim fizeram tremer.
- TU VAIS MORRER, PERCEBES ISSO? SE CONTINUARES ASSIM VAIS MORRER EM BREVE!
- Filha, eu já cumpri a minha missão na vida, já vos dei todo o carinho e ajuda que podia.
- E SÓ PORQUE SOMOS ADULTOS JÁ NÃO PRECISAMOS DO TEU CARINHO E ATENÇÃO?
Magoei-o, e não posso dizer que foi sem intenção. Sei o que me custou sentir o seu espanto, a filha querida revoltada com ele, a falar-lhe num tom que ele não conhecia, deve ter doído mais que todas as agulhas que já lhe espetaram nos braços.
Mas não me arrependo, se isto servir para o manter perto de mim mais anos, para poder ter tempo de ouvir dos meus lábios "vais ser avô", para poder levar os netos pela mão ao café e comprar-lhes gelados como fazia connosco, para me dar todo o carinho e atenção que eu ainda preciso, não me arrependo.

domingo, 16 de novembro de 2008

Nem só...

... de saltos altos vive uma mulher.

Dar na branca*

Passei o fim de semana a snifar pó branco. 3 paredes a precisar de uma pintura, depois de uma infiltração na fachada do prédio, não pareceu grande problema. E não era, se não fosse necessário antes lixar as partes danificadas, aplicar massa, e voltar a lixar. Só me apercebi que todo aquele pó branco fininho, para além de se entranhar em todos os tecidos e móveis, também era capaz de se entranhar no meu nariz e garganta, quando eles se revoltaram violentamente contra mim, com espirros e pingo no nariz (qual pingo, eu pareço uma torneira avariada!).
E hoje que esteve um domingo maravilhoso de sol quentinho, eu estive a limpar o pó a tudo (tudo mesmo, cd's, livros, quadros...) com um pano húmido.

* Definitivamente, eu, só se fosse erva...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Porque não?

Entra-me em casa como um furacão de boa disposição: "tens vinho?".
Vamos fumar um cigarro à janela, cada uma com um copo de vinho na mão, e ela conta-me o seu dia (difícil, coitada, tenho uma pena dela... cabra...) entre gargalhadas.
Enquanto trocamos músicas e episódios de Grey's "tens mais vinho?". Não.
Mas tenho champanhe.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Gostava...

... de ter as respostas que ela precisa de ouvir, dizer-lhe que rumo seguir (mas há rumos que só os próprios podem descobrir), poder dar-lhe algo mais para além do meu afecto e compreensão.
Gostava de vê-la na sua própria casa, com a lareira acesa, com alguém que a ame e que a proteja, que a compreenda e que dê tanto de si como ela dá, sem hesitar, apesar das partidas que a vida já lhe pregou. Chega a ser admirável a mulher em que se tornou, tería sido tão fácil desistir, mas tem a força de vontade inabalável que guia os destemidos, pode até passar uma semana enfiada em casa sem querer ver ninguém, mas volta, volta sempre, com o riso que é só dela.
Gostava de lhe dizer mais vezes que a adoro, como ela se tornou uma amiga pura, a pouco e pouco, entrando na minha vida quase sem eu dar conta, dando-me espaço e confiança para eu confiar nela, para lhe contar o que me preocupa e o que me alegra, o que sou sem máscaras.
Gostava que soubesse como acho a sua companhia agradável, mesmo quando estamos em silêncio, e como gosto de conversar com ela, mesmo quando não dizemos nada de jeito.
Hoje ela faz anos, e gostava de lhe dizer "Faz o que te diz o coração". E sê feliz.

Já passou

A minha mãe sempre diz que eu nasci com sorte (não é bem assim, ela diz que eu nasci com o cu virado para a lua, que vai dar ao mesmo) e tem razão, e eu vejo todos os dias que ela tem razão, que tenho alguém lá em cima a olhar por mim.
Ao final da tarde o carro apareceu, metade (literalmente) enfiada numa vala de uma povoação aqui ao lado, tivémos de chamar um reboque para o tirar de lá, e eu só imaginava as mossas nas portas, o eixo da direcção partido, as rodas todas tortas e o tubo do óleo a esguichar.
Nada. Nada mesmo. As fechaduras intactas. Os documentos no sitio. O rádio (que não valia grande coisa, mas há malucos para tudo) no lugar dele. O motor e as tubagens e tudo o resto a funcionar normalmente. Nem um risco. Até tinha gasolina suficiente para voltar para casa.
E eu, que acredito em alguma coisa superior a mim, e que tive uma vela acesa na minha secretária do escritório o dia todo, agradeci. Porque hoje Ele pegou em mim ao colo.

Respirar fundo (II)

Telefonema antes das nove da manhã não é bom sinal.
- Quando saíste reparaste se o Fiat estava lá?
- Não reparei, porquê?
- Porque roubaram-nos o carro!
Todo o esforço de mentalização e de gestão de emoções que tenho aprendido a fazer no último ano não me deixaram entrar em pânico, fiquei até bastante calma (mais calma do que quando perdi as chaves do outro carro), não vale a pena chorar sobre o leite derramado, agora é esperar que a polícia encontre o carro e rezar para que não esteja todo partido.
Fiquei mais preocupada com ele, com a forma como dramatizou a situação, reflexo de um cansaço extremo que já não consegue esconder. Julguei que tivesse mais flexibilidade para se adaptar a todas estas mudanças, mas não tem sido fácil para ele, e ainda não encontrei a forma certa de o ajudar, apesar de já o ter aliviado de todas as questões práticas do dia-a-dia.
Queria que ele abrisse o coração e me dissesse o que o preocupa, os seus medos, queria que sentisse o alívio de tirar um peso do peito, um peso que eu sei que está lá.
Queria que respirasse fundo e entendesse que tudo passa.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Espanto

A entidade patronal passou-se de vez, e vai dar-nos a tarde para irmos festejar o S. Martinho.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Há sete anos...

- Então, já estás a trabalhar aqui, eu também, e agora?
- Agora compramos uma casa.
E naquela esplanada no 1º andar, ao pé da pizzaria, com o bar em madeira e os guarda-sóis de palhas, decidimos o nosso futuro, como se fosse a coisa mais natural do mundo a fazer, a única lógica a seguir, sem grandes romantismos (daí a expressão "sócios de gestão imobiliária").
O meu espírito prático impunha somente duas regras: rés-do-chão ou 1º andar, no máximo (já me imaginava a subir escadas com sacos de compras) e mínimo de dois quartos. Depois de duas visitas frustrantes (numa delas o balcão da cozinha dáva-me pelos joelhos!), à terceira a escolha foi unânime: tinha só 5 anos, tinha lareira, tinha um dos quartos com casa de banho privativa, tinha luz. Apesar de ainda ter todo o recheio dos donos (pavoroso e desarrumado), vimos ali todo o potencial que queríamos, um lugar a que pudéssemos chamar "a nossa casa".
Mesmo antes de assinarmos a escritura deram-nos a chave, a sensação de entrar novamente naquele espaço agora vazio e cheio de ecos encheu-nos de uma alegria quase infantil. Limpámos, tirámos medidas, comprámos alguns móveis e outros desenhei e mandámos fazer, porque sabia o que queria, tinha tudo idealizado e uma vontade férrea de tornar aquele espaço acolhedor, à nossa imagem, para nós.
No dia em que nos mudámos não tínhamos mesa e cadeiras, só dois bancos de madeira comprados no LIDL, e jantámos no balcão da cozinha, extasiados por estarmos ali, finalmente.
Com o tempo vieram os quadros, um móvel maior para a entrada (para caberem mais sapatos), os vasos orientais e mais livros, para completar um sonho de harmonia e paz que tento manter todos os dias.
Porque "a felicidade é gostar de voltar para casa".

domingo, 9 de novembro de 2008

Momento (XXIX)

A P. sentada ao meu lado, cada uma de nós com o portátil no colo e uma taça de nozes ao lado. Pizzas e tinto Má Partilha, conversas e videos, risos e fotografias. A lareira continua acesa, e o som da madeira a crepitar é o único que quebra esta paz de espírito de domingo à noite.

Momento (XXVIII)

Ele abre o robe e envolve-me nas suas asas felpudas, protege-me do frio e da claridade que entra a jorros pelas janelas. Escondo a cara no seu peito quente e ele afaga o meu cabelo.
- Bom dia.

Pedaços...

... de um sábado:
Uma mala verde e uma cortina de banho com girafas e ovelhas.

Castanhas assadas e jeropiga e a pequena princesa de novo nos meus braços, a brincar com os meus dedos.
Uma ida à Feira do Cavalo, desta vez com mais cuidado, porque na companhia de uma grávida e de um cachorro que ladrava a todos os cavalos que via.

Animais magníficos, os cavalos, a beleza e a dignidade de um porte altivo.

Um chá de ervas a desoras, a acompanhar ferradura com creme, enquanto o cachorro tentava roer as nossas botas debaixo da mesa da cozinha.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Remissão

Não é todos os dias que temos uma segunda oportunidade. Que alguém nos abre os braços de novo.
Fiz hoje o que devia ter feito há mais tempo, desta vez sem hesitar, sem medo dos julgamentos. Já tínhamos trocado números de telefone e emails, desta vez pedi-lhe a morada para enviar uns filmes (ver o "Mamma Mia" traduzido em checo não deve ter muita piada), e no momento em que me despedi dela depositei na sua mão um post-it com a minha morada. Esta morada.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

História

Não costumo escrever sobre a actualidade, o que se passa no país e no mundo, política, futebol ou a crise que paira sobre as nossas cabeças (e os nossos bolsos) . Não que não me interesse, só que este espaço não é para isso.
Mas hoje não posso deixar passar em branco, quero que fique registado este dia, o dia em que se fez História. Esta madrugada (em Portugal), 145 anos depois da abolição da escravatura, os EUA elegeram pela primeira vez um presidente negro.

E tudo o que eu podia dizer a seguir ele já escreveu (e ilustrou de forma lindíssima), por isso gravo aqui as últimas palavras do discurso de vitória de Barack Obama:
"Este é o nosso tempo (...) de reafirmar a verdade fundamental de que, no meio de muitos, somos um; que enquanto respiramos, mantemos a esperança. E aqui estamos nós, frente a frente com o cinismo e as dúvidas daqueles que nos dizem que não somos capazes, e a quem respondemos com o credo intemporal que representa o espírito de um povo: Sim, somos capazes."

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Listinha

Eu tentei. Eu juro que tentei. E a ideia é gira e pode ser o que eu preciso para fazer alguma coisa por mim abaixo. Mas 101 é muito. Eu nem consigo passar dos 30! Mas como acredito que mais vale poucos mas bons, aqui vai (isto está tudo aldrabado, era suposto fazer um blog aparte, com contagens e etc, mas não interessa): 101 coisas a fazer nos próximos 1001 dias.
Antes de mais tive de fazer um cálculo mental rápido quanto é que isso dava em anos, para me orientar. Quase 3 anos. Dá para muita coisa (ou não):
1. Limpar o sótão (esta é já para a semana… se calhar) - penúltima semana de 2008 (não me lembro do dia)
2. Ter um filho (eu dizia “ter dois filhos”, mas se o segundo demorar tanto tempo como o primeiro, 3 anos não chegam)
3. Aprender dança do ventre
4. Fazer um cruzeiro pelas Ilhas Gregas (pode ser que levantem âncora e me deixem lá)
5. Trocar de carro (dizemos isso todos os anos, mas nem sequer procuramos, porque a verdade é que gostamos deste, já tem 10 anos, pois tem, mas nunca nos deixou a pé, fiel companheiro de todas as viagens, confortável como poucos e com uma bagageira do tamanho de um comboio, onde cabe tudo e mais um esterilizador de biberões) - 31 Jan de 2009
6. Ir a uma aula de ioga
7. Comprar um fato de treino (e usá-lo para qualquer coisa que não seja ir passear para um hipermercado ao domingo)
8. Levá-lo aos Açores
9. Levar a minha mãe à Madeira - e se fôr ao contrário, levá-lo à Madeira, também conta? - 29 Dez a 02 Jan 2009
10. Começar a praticar uma actividade física (eu ía dizer “regularmente”, mas isso pressupunha que eu faço alguma esporadicamente, o que é mentira, portanto…)
11. Aprender italiano
12. Achar uma receita de bolo de chocolate que me faça dizer “é esta que eu vou fazer para o resto da vida e posso deitar todas as outras fora”
13. Ler 30 livros
14. Ver 140 filmes (pelo menos)
15. Cultivar as amizades, ir beber mais cafés e mais copos, conversar mais
16. Deixar crescer o cabelo - estamos a 24 Fev 2009 e ainda não o cortei
17. Aprender a dizer “não” sem me sentir culpada
18. Ver o “Sexo e a Cidade” todo (estou no bom caminho)
19. Deixar de fumar (pois…)
20. Ir mais vezes ao cabeleireiro
21. Visitar a nova igreja de Fátima (não sou grande devota, mas gosto daquele local quando está vazio, transmite-me paz)
22. Ir ao cinema uma vez por mês (pelo menos)
23. Comprar um candeeiro como deve de ser para a sala
24. Pintar as paredes de verde-água, lavar o urso de peluche amarelo que está no sótão, e preparar um quarto de bebé acolhedor e fofo
25. Ir a um restaurante japonês - 10 Jan 2009 - e levei a mãe
26. Descobrir a música mais grandiosa alguma vez tocada (aquela que me vai fazer ficar com pele de galinha e um nó na garganta) - acho que já descobri, e estou a guardá-la para uma altura especial
27. Ir a um SPA uma vez por ano (pelo menos)
28. Fazer novamente uma passagem de ano num hotel, com tudo a que tenho direito - 2008/2009, no Hotel Jardins D'Ajuda, na Madeira, com jantar de gala, vista do fogo de artifício do 11º andar do edifício, morangos e champanhe no quarto.
29. Mudar de emprego
30. Ir ao Starbucks - 12 Março 2009 - bebi um Caramel Macchiato e prometi que para a próxima levo o bolo de chocolate
31. Acabar a lista

domingo, 2 de novembro de 2008

Private (III)

- Ontem à noite vi uma estrela cadente, a maior que alguma vez vi, tão baixo no céu, parecia que estava tão perto.
E eu fiquei a pensar.

sábado, 1 de novembro de 2008

Homenagear

Em dia de homenagem aos mortos, as nossas atenções foram para a família, e depois de deixar flores e uma oração nas campas das duas pessoas que ele gostava que eu tivesse conhecido (a mãe e a avó P.), o tempo foi passado em visitas às tias e avós (a minha e a dele, as que nos restam e estão sempre à espera de nos ver), ouvir as histórias de infância e provar o vinho novo, e queijo, e uma broa, e não nos deixarem sair de lá sem um saco cheio de tânjaras e romãs e couves que não cabem num braço.

Visitas sempre breves que sabem a pouco, afinal esta é a nossa família, e é tão raro vê-los, falta de tempo, queixamo-nos sempre de falta de tempo, e deixamos que o tempo nos afaste da nossa essência, de um conceito de família alargada cada vez mais estranho, mas que era bom retomar, para sabermos quem somos, as nossas origens.